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da gbg bet: Expressa juízo de valor sobre a obra cultural comentada e destaca seus elementos positivos e negativos

Vanguarda soft de Ná Ozzetti e Luiz Tatit segue madura em novo álbum Em razão do acompanhamento harmônico, que parece ser sido construído às pressas, disco 'De Lua' não alcança a sua plenitude

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8.mai.2024 às 10h00

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Sidney Molina De Lua

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  • Onde Nas plataformas digitais
  • Autoria Ná Ozzetti & Luiz Tatit
  • Gravadora Circus

Nunca a vanguarda foi tão soft como no Grupo Rumo. Jamais estranhamento e delicadeza foram tão íntimos como nas canções de Luiz Tatit, nome central do cancioneiro paulistano nos últimos 40 anos.

Oriunda do Rumo como Tatit, Ná Ozzetti tornou-se a voz principal dessa poética, “a alma que o corpo conduz”, como ela canta no novo álbum “De Lua”, em que assina também como compositora das dez faixas, todas em parceria com Tatit.

O experimentalismo da dupla –que no novo trabalho se mantém totalmente fiel ao estilo que os consagrou– não está em um “mais”, mas num “menos”, o que torna complexo até mesmo utilizar de forma estanque categorias como “música” e “letra”.

Se é que é possível recuperar de algum modo as etapas do processo criativo dessas parcerias, há, da parte de Ná, uma intenção de entoação –uma proposição sonora horizontal, capaz de ocupar um espaço tênue entre a fala e a melodia segura de si. Do lado de Tatit, há uma leitura fraseológica desse gesto sonoro, que busca por palavras e trechos de frases para construir sentidos, igualmente incompletos e provisórios.

Tão incertos quanto o gráfico sonoro das alturas –as notas desse canto-fala-coloquial– são os temas da poesia de Tatit. Sua escrita não segue a lógica consequencialista do poema, mas contenta-se com o puro engendramento: tal como uma fala relaxada e relapsa, pode fracassar, se repetir, mudar de ideia no meio, ou simplesmente viajar ludicamente através de imagens e palavras –tal como amigos numa conversa despretensiosa.

Daí que suas personagens sejam naifs: como a maioria de nós quando na informalidade, elas gostam de expressar o óbvio, usam o humor para descontrair e fazem generalizações por brincadeira.

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Em “Se Você Aparecer”, que abre o álbum, uma dessas personagens parte de uma constatação: “Nunca vi o amor no formato que ele tem”. Poderia ser a mesma pessoa que, em “De Lua”, a faixa título, sentencia: “Acho a lua meio zen / Lua cheia é tão vazia/ Ela é boa pra poesia / Mas nem ser humano tem”.

Jamais se poderia dizer que esse jogo construtivo afasta de si o reflexo da realidade social: ela está sempre lá, na cidade e no campo. A cidade está em “Boa Ideia”, enquanto que “a fauna, a flora e as histórias dos tupinambás” estão em “Miolo”.

Nessa poética da “carência sem culpa”, sobra, no entanto, algo que não deixa “De Lua” atingir sua plenitude: se o próprio Tatit nos ensina que a estrutura fundamental da canção é revelada pela palavra cantada, para que ela se materialize é preciso adicionar outras dimensões musicais, como o ritmo e o acompanhamento harmônico.

Realizado por músicos experientes, esse acompanhamento parece ter sido construído de forma um tanto apressada, o que nos dá uma sensação de excessiva padronização.

Não que Ná e Tatit –admiradores da Jovem Guarda– tenham problemas com isso, mas, sobretudo a cozinha rítmica, a relação entre baixo e bateria, às vezes parece pairar um tanto descolada das canções em si.

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Nesse sentido, a versão de “Dengo” surge menos interessante em “De Lua” que a original, gravada no álbum do Rumo (“Universo”, 2019).

Mas até o excesso, ele mesmo, está tematizado no álbum (na canção “Et cetera”): “Nada nesse mundo eu jogo fora / Até quando a vida enfim melhora / Guardo um pedacinho da indignação / Quero ter o que faltou / Por não dizer”.

E a sobra pode ser igualmente bem-vinda, como no canto de Ná, que está no auge total, ainda agregando à voz solo vocais virtuosísticos espetaculares.

Tema caro a Tatit, o artesanato composicional também aparece expresso no álbum, como em “Batuqueiro” (“Quanta previsão a melodia faz / Quantas intenções ela anuncia”).

“De Lua” chega a si, afinal, na última faixa: a versão de “Equilíbrio” é para se acrescentar às canções antológicas selecionadas para playlists de Ná e Tatit. Vertiginosa na concepção e na realização, surge aqui com as vozes sobre o solitário violão de Tatit, que sustenta e reage em tempo real ao canto entoado: “Não adianta puxar / Não adianta empurrar / “Não adianta tentar me paralisar”.

Na performance de “Equilíbrio”, Ná e Tatit apontam para o futuro –mesmo que seja apenas a semana que vem.

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